quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Entrevista com o Palentólogo Tito Aureliano

              
Tito Aureliano



         Por muitos anos, a paleontologia, dinossauros e paleontólogos eram coisas de filmes sci-fi e de países da América do Norte e Europa. Contudo, atualmente este quadro está sendo mudado, e o Brasil tem crescido em número de dinossauros e paleontólogos que tem se dedicado a desvendar os segredos da pré-história nacional.
       Entre estes profissionais está Tito Aureliano, paleontólogo de 26 anos, nascido em Recife, mas criado em Brasília. É casado com a professora Dra. Aline Ghilardi, também paleontóloga, e atua na pesquisa de Arcossauros, um grupo de animais que atualmente são representados por jacarés e aves, se estendendo a animais extintos como os pterossauros, dinossauros não-avianos e rincossauros (ELIAS, 2016). 
     Tito também atua no estudo da Geologia do Mesozoico, Biomecânica e modelos matemáticos de morfometria linear, paleoecologia de arcossauros do mesozoico com ênfase  em dinossauros (como mencionado acima) e do cenozoico (Mioceno da Bacia do Acre), além de atuar também como paleoartista. É também o segundo braço forte do portal "Colecionadores de Ossos" e também do canal do Youtube.
        O Planeta Antigo teve o prazer e a honra de entrevistar a Tito, que gentilmente nos cedeu parte de seu tempo, e conhecer um pouco de sua trajetória e de sua carreira na Paleontologia Brasileira! Confira!
    
      1. Nos conte um pouca a sua história. Quem é Tito Aureliano?

Um cara que realmente AMA a palentologia (principalmente de dinossauros), e que vive isso 24/7. E sou casado com outra pessoa exatamente assim. Logo, somos quase dois extra-terrestres que vivem a ciência o tempo todo. Para nós, pesquisar e lecionar é diversão. Obviamente que também nos divertimos com coisas normais como jogar videogame, caminhar ao ar livre na natureza, e ler um monte de livros legais.

      2. Quando foi que soube que queria ser paleontólogo?

Acho que desde que eu nasci e aprendi a falar. Desde as minhas memórias mais antigas andando em pé, eu me recordo com dinossauros e livros de dinossauros. Quando eu fiz 13 anos, fui em um congresso de Paleontologia e confirmei o meu desejo e carinho pela vida acadêmica.

      3. Mas afinal, o que é a paleontologia?

Para dizer de uma maneira mais simples, Paleontologia é o estudo da vida antiga, quase sempre direta ou indiretamente observando fósseis.  

      4. Como é ser paleontólogo no Brasil?

É tão complicado como ser qualquer cientista neste país, que investe tão pouco em ciência e tanto em festas. Em termos de trabalhar com bolsas de pesquisa de pós-graduação é até razoável comparado com países mais ricos em cultura científica. No mundo inteiro se investe muito pouco em paleontologia, principalmente paleontologia de tetrápodes (dinossauros inclusos). O Brasil está até bem em termos de oportunidades de pós-graduação na área. O que está difícil é que as instituições públicas estão muito mal equipadas em sua maioria, e com poucos profissionais efetivamente contratados como técnicos. Mas não há nada o que um pouco de criatividade e parcerias com outras instituições melhor equipadas para solucionar problemas.
Resumindo: Ou você passa num concurso para professor ou técnico de preparação de fósseis (o que é raríssimo de aparecer, este último), ou você dependerá das bolsas de pesquisa para fazer seus trabalhos. As bolsas já foram mais abundantes na época do PT no governo. Com a mudança para um regime cada vez mais direitista, a tendência é sempre diminuir o investimento em ciências como a palentologia, como nos EUA e Alemanha. Infelizmente, diferentemente destes países, o Brasil ainda não oferece a contratação de paleontólogos técnicos terceirizados. Ou seja, é um paradoxo que vai ficando cada vez pior com a diminuição das bolsas de estudo.
Ser paleontólogo no Brasil irá te exigir muita garra e criatividade para desviar das dificuldades, mas há muito ainda para ser descoberto.

      5. Quais os caminhos a serem percorridos para se tornar um paleontólogo no Brasil?

Não há nenhum título de graduação em paleo neste país e em quase nenhum país. Ao meu ver, ser paleontólogo é ser capaz de realizar toda a conduta profissional de um paleontólogo, realizando curadoria, preparação de fósseis com intuito científico e estar apto para escrever publicações científicas na área independentemente da titularidade. Por exemplo, eu conheço pessoas que já são doutoras em paleontologia que não preenchem estes requisitos, mas, por outro lado há pessoas que nem terminaram a graduação e já possuem uma conduta profissional. Jack Horner, paleontólogo famoso em Montana nunca terminou a graduação de Geologia, entretanto possuía uma carreira extensa na área da paleo. Aqui no Brasil, William Nava é curador do Museu de Marília, e um dos grandes paleontólogos da Bacia Bauru, com diversos trabalhos publicados, mas possui jornalismo de formação.
O caminho mais óbvio e tradicional de se seguir é graduando-se, principalmente em Biologia ou em Geologia. Embora eu tenha escolhido a segunda opção, recomendo a todos que querem trabalhar nesta área, que façam biologia por ser bem mais fácil a graduação e por ter profissionais muito mais agradáveis e sensíveis à causa da paleontologia.

   6. Sabemos que uma galera jovem tem sido cada vez mais atraída pela paleontologia no Brasil. Como você tem visto este crescente interesse pela paleontologia?

Espero que continue assim. Infelizmente, poucos jovens que realmente gostam da área seguem ela profissionalmente. Precisamos de pessoas que gostem de verdade do que estão fazendo. Isto é raro, pois a maioria dos paleontólogos não gostam tanto do que fazem e caíram de para-quedas neste campo.

      7. Qual a sua área de atuação? No que está trabalhando no momento?

Se pensar em termos de grupo, eu pesquiso arcossauros. Mas já trabalhei e ajudei colegas a coletarem todo tipo de fósseis em vários lugares.
Junto com a minha esposa, a Prof. Dra. Aline Ghilardi, gostamos sempre de desenvolver trabalhos com o máximo de ferramentas disponíveis, e não olhar o osso fóssil como uma peça, mas sim o que um dia foi um animal vivo. Qual era o seu contexto ecológico? Quão maduro era? Quão grande poderia ainda ser? O quanto comia? Porque morreu? Além do padrão descritivo, constantemente estamos nos apoiando em ferramentas de morfometria e de histologia para tentar responder mais à fundo estas questões. Trabalhamos sempre juntos e com muitas coisas ao mesmo tempo. Estamos com um material novo de dinossauro do Araripe, estamos adaptando uma técnica de geofísica para encontrar rochas com fósseis no local, estudando o quanto que fósseis podem aguentar de deformação nas rochas, além de buscarmos mais materiais nos cantos mais esquecidos do Brasil. Em termos de pesquisa, estas são algumas das coisas que estamos fazendo no momento.

      8. Qual foi a maior descoberta ou maior trabalho que você já realizou?

Sei lá. Nunca parei pra pensar. Acho que eu nunca vou pensar qual foi a maior descoberta. Isso eu deixo pros outros falarem. Eu penso sempre em me superar na vez seguinte!

      9. E quanto ao “Realidade Oculta”? Fale-nos um pouco sobre ele!

Quando eu era criança e adolescente, os livros ‘Jurassic Park’ e ‘Mundo Perdido’ de Michael Crichton me deixaram completamente imerso num mundo extraordinário. O mesmo vale para filmes antigos de dinossauros e aventura! Meu desejo era inspirar a nova geração com uma cautelosa homenagem, “Realidade Oculta.”

      10. Quais as novidades sobre o livro?

A Editora Novo Século está vendendo em larga escala a nova edição revisada de R.O., e em breve estará em todas as maiores livrarias. Espero que, assim, chegue mais ao alcance do público geral.

      11. Quais seus projetos futuros em relação a literatura?

Além dos artigos científicos, tenho rascunho para mais 6 livros. Dentre eles, duas continuações para R.O. Mas não só isso. Com relação a outras mídias, queremos lançar uma série nova no Canal dos Colecionadores de Ossos. Tenho aprendido, também, programação. Aline e eu estamos prototipando nossos primeiros jogos digitais. Queremos enveredar por este caminho também.


      12. O que você gostaria de dizer para toda a galera que te curte e que se inspira em você e tem o sonho de ser paleontólogo?


Muita garra e força! Seja determinado à qualquer custa! Sempre honre os amigos e colegas que te ajudaram na carreira e nunca os deixe para trás! Tenham coragem de pensar fora da caixa e não se intimidem com os problemas e adversidades. Vá onde ninguém antes foi e descubra o novo. Quando alguém pisar em você e quiser te atrapalhar, lembre-se que terá Aline e eu se precisar bater um papo.

Com muita satisfação encerramos mais uma de nossas entrevistas e agradecemos ao Tito por sua atenção e cuidado em nos propiciar uma pouco do seu conhecimento e de seu incentivo para todos aqueles que seguem e querem seguir esta carreira incrível!
Se você deseja conhecer mais sobre o(s) trabalho(s) do Tito, confira os links abaixo!

Colecionadores de Ossos (Portal) 
Colecionadores de Ossos (Facebook) 
Colecionadores de Ossos (Canal do Youtube) 

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Lusofonia Jurásica


Todos nós um dia tivemos curiosidade em entender porque e como os dinossauros são batizados. Por que será que eles são chamados de nomes muitas vezes difíceis de serem pronunciados ou mesmo com nomes engraçados? Este scan que fizemos traz de uma matéria da revista Escola de 2011 feita por Luiz Costa Pereira Junior e nela é explicado a origem e significado dos nomes de algumas espécies de dinossauros brasileiras e de Portugal. Confira clicando aqui!!!


quinta-feira, 17 de março de 2016

Entrevista com o Paleontólogo Felipe Alves Elias

Paleodesign, Paleontografia ou como é mais comumente chamado, Paleoarte, é a arte de reconstruir paisagens e formas de vida pré-históricas. É uma interface imprescindível no processo de disseminação do conhecimento acadêmico através do público leigo (PAUL, 2003 apud GHILARDI et al, 2007).
No Brasil, muitos paleontólogos e paleontógrafos tem se destacado neste mundo científico e apresentado excelentes trabalhos de pesquisa e de divulgação da paleontologia através de seus artigos e desenhos.
Um deles é o paleontólogo e paleontógrafo, Felipe Alves Elias, paulista nascido em 1980 na cidade de São Paulo que aceitou conversar com a gente e apresentar o seu mais novo trabalho, o zoológico virtual PaleoZoo Brasil, que apresenta com um conhecimento científico apurado, todas as espécies pré-históricas encontradas e catalogadas em solo brasileiro. Certamente um avanço para a paleontologia do nosso Brasil que precisa a cada vez mais ser mais valorizada e apoiada.
Confira agora sem mais delongas a nossa entrevista!

O paleontólogo e paleontógrafo, Felipe Alves Elias


1. Olá Felipe, antes de começarmos, gostaria que se apresentasse para nós falando um pouco sobre você.

Cresci em uma cidade litorânea e passei minha infância brincando na areia da praia, em contato muito próximo com a natureza. Por isso, desde pequeno sempre tive uma ligação muito forte com as plantas e, principalmente, com os animais. Era curioso e gostava muito de aprender sobre eles. E gostava de desenhá-los também! Por causa dessa paixão acabei descobrindo também a vida pré-histórica, e percebi que queria seguir carreira na Paleontologia. Nessa época, lá pelo final dos anos 90, a internet estava se tornando popular, mas tudo ainda era novo e as informações ainda não circulavam com a mesma facilidade que hoje. Por causa da minha própria dificuldade em encontrar boas referências tive a ideia de criar uma página que falasse sobre o assunto para leigos. Desde então descobri que não apenas gostava da Paleontologia, mas amava compartilhar o que eu aprendia. Acabei cursando pós-graduação e finalmente tive a chance de viver o cotidiano de um paleontólogo - mas sem deixar de lado a paixão em popularizar essa ciência. Decidi usar um pouco da habilidade artística que eu havia desenvolvido para falar às pessoas sobre a vida extinta e a história de nosso planeta... foi então que comecei a receber convites e participar de vários projetos legais... e desde então não parei mais.

      2. Fale um pouco sobre seu trabalho.

Minha carreira como artista profissional começou em 2002. Tive a oportunidade de estar envolvido em muitos projetos interessantes desde então. Já produzi ilustrações para exposições, livros, matérias de jornais e revistas, jogos e até álbuns de figurinhas. Todas essas experiências foram importantes para o amadurecimento do meu trabalho no decorrer dos anos. Quando finalmente comecei a viver a rotina de um laboratório de Paleontologia, ao iniciar (em 2004) minha pós-graduação, percebi logo que daria um grande salto. Isso porque tentar reproduzir a anatomia, a aparência e o habitat de espécies extintas não envolve somente técnica artística, mas depende principalmente de uma boa dose de “intimidade” com a Paleontologia. É um trabalho de grande responsabilidade, pois a arte pode contribuir muito para educar e sensibilizar leigos sobre a importância dessa ciência. Para estarem aptos a levar isso para o lado profissional, artistas aspirantes infelizmente não contam com cursos regulares que garantam um diploma em Paleontografia (esse é um termo mais formal para o que a maioria das pessoas conhece como “paleoarte”): por conta disso, a qualificação mínima necessária exige uma boa dose de vivência nas rotinas próprias da Paleontologia -  trabalhos de campo, preparação de fósseis, familiarização com a linguagem e estrutura dos trabalhos acadêmicos, participação em encontros científicos, etc. Nessa época eu pude experimentar todas essas atividades, e por algum tempo tive a chance de desenvolver minhas próprias pesquisas paleontológicas. Esse amadurecimento eu tentei trazer para o trabalho de popularização da Paleontologia nos quais eu já estava engajado. Hoje eu me preocupo muito com a natureza e a qualidade do conhecimento paleontológico que eu transmito por meio dos meus trabalhos. Por conta disso cada um dos meus projetos é desenvolvido de forma muito minuciosa e cuidadosa, de maneira a garantir a máxima acurácia e honestidade possível com as informações paleontológicas disponíveis.

      3. Como surgiu a ideia para a criação do PaleoZoo?

O “embrião” da ideia que acabaria resultando no PaleoZoo Brazil nasceu logo no início da minha carreira profissional como paleontógrafo (artista especializado em produzir traduções visuais de hipóteses paleontológicas sobre espécies extintas). No início dos anos 2000 pouco se falava sobre a paleontologia brasileira: consequentemente poucos artistas dedicavam-se a retratar as espécies da pré-histórica do nosso país. Acabei, de certo modo, me especializando nesse tema, ao perceber que o público mostrava curiosidade em saber mais sobre nossa própria história paleontológica. Tive a chance de apresentar, em exposições e livros educativos, algumas das primeiras restaurações em vida de espécies nacionais praticamente desconhecidas do nosso público. Essas experiências começaram a plantar a semente daquilo que viria a ser o projeto PaleoZoo, que começou a ser traçado em 2005. Desde então não fiz outra coisa a não ser levantar informações sobre a fauna pré-histórica brasileira: em artigos científicos, apresentações em encontros de especialistas e livros de referência. Foi um longo e extenso trabalho para descobrir e reunir tantas espécies em um único catálogo, que consumiu 10 anos de dedicação.

      4. O que é o PaleoZoo?

O PaleoZoo Brazil trata-se, basicamente, de um grande atlas sobre a fauna pré-histórica brasileira. Reúne, pela primeira vez, informação sobre mais de 700 espécies de vertebrados já descobertos em nosso país – de todos os tipos, tamanhos e formas - assim como ilustrações que representam sua aparência de vida. Para isso foi necessário estudar as poucas evidências fósseis deixadas por essa fauna: cada ilustração exigiu dezenas de horas de estudos, esboços e desenvolvimento, na expectativa de que o resultado final fosse o mais acurado possível. Mas o projeto não se resume apenas a um catálogo de espécies: ele traz também textos que ajudam os usuários a entender um pouco sobre a ciência que nos permite descobrir e entender os fósseis e o tempo profundo, assim como a arte que usamos como ferramenta para trazer esse passado de volta à vida.

    5. Como você acha que o PaleoZoo pode contribuir com o crescimento da Paleontologia no Brasil?

A Paleontologia - que sempre foi muito disseminada na cultura de diversos outros países - começa a se tornar popular para o público brasileiro, graças especialmente à influência dos filmes de Hollywood e da recente onda de documentários produzidos por canais como Discovery, BBC e National Geographic. Mas como quase tudo o que chega ao nosso público é produzido fora do Brasil, o conhecimento que estamos assimilando sobre o tema acaba tendo origem quase totalmente “importada”. O PaleoZoo Brazil tenta apresentar parte da fauna pré-histórica brasileira, que raramente aparece nas fontes disponíveis. A ideia é saciar um pouco da curiosidade do público - que vem crescendo muito nos últimos anos - da forma mais acessível e ao maior número possível de pessoas. No Brasil, a Paleontologia enfrenta diversos desafios. Sensibilizar a sociedade para a importância dos fósseis e da pesquisa paleontológica é essencial para transformarmos esse cenário. Iniciativas de popularização desse conhecimento, como propõe o PaleoZoo Brazil, são, portanto, estratégicas para atingir esse objetivo.

6. E por falar nisto, qual a atual situação da Paleontologia brasileira? Estamos evoluindo nas pesquisas e achados ou ainda falta muito?

No Brasil, a Paleontologia enfrenta diversos desafios. O cenário, contudo, parece ter melhorado sensivelmente na última década. Programas de pós-graduação voltados para esta área, responsáveis por formar novas gerações de pesquisadores, vem surgindo e ajudando a ampliar o número de profissionais atuantes. Novos grupos de pesquisa vêm se estabelecendo em universidades e museus por todo o Brasil, embora em um ritmo ainda abaixo do necessário para cobrir toda a demanda e a extensão de nosso território. Investimentos em pesquisa de campo e de laboratório, assim como para a manutenção de acervo, são mais expressivos do que aqueles disponíveis há cerca de 10 anos - mas ainda estão longe de permitir que a pesquisa no Brasil atinja o mesmo patamar daquela desenvolvida em países com tradição mais antiga na área. Atividades ligadas à mineração e à engenharia civil – sem uma fiscalização ampla e eficiente, e executadas em discordância de protocolos adequados de operação e salvaguarda – ameaçam a integridade do patrimônio paleontológico... e nem entrei na questão do tráfico internacional de fósseis. No geral sou da opinião que desde a época que ingressei nesse meio, a Paleontologia no Brasil testemunhou avanços importantes, mas ainda há muito o que pode ser feito. Temos ótimos profissionais atuando e produzindo pesquisa de qualidade, somados a toda uma nova geração de talentos promissores, mas o caminho que nos levará a alcançar o mesmo patamar de potências da Paleontologia, como os EUA, Canadá e Argentina, ainda é longo.


     7. O que você espera do PaleoZoo?

Ele começa com um projeto para a internet, que pode ser consultado gratuitamente de qualquer lugar e por qualquer pessoa. Pensada para ser acessível, a página procura ser muito visual: a imagem é, por natureza, uma linguagem atraente e fácil de ser assimilada. Os textos, em geral curtos e objetivos, são acompanhados de traduções para o inglês – isso permite que as informações sejam acessíveis também para pessoas que não falam o português. A ideia é, no futuro, converter o projeto em livro impresso.


Com muita alegria agradecemos ao Felipe por ter nos concedido esta entrevista e dizer que, apesar de sermos um blog amador, estamos dispostos a contribuir com a divulgação da Paleontologia brasileira através do Planeta Antigo. Para quem quiser conhecer o PaleoZoo Brasil acesse clicando aqui!
Conheça também os trabalhos artísticos do Felipe Alves neste link.

Até a próxima!


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

GHILARDI, R.P.; RIBEIRO, R.N.S.; ELIAS, F.A. Paleodesign: Uma nova proposta metodológica e terminológica aplicada à reconstituição em vida de espécies fósseis. Paleontologia: Cenários de Vida, Editora Interciência, 2007. 


sábado, 13 de fevereiro de 2016

Dragões do mar


        Enquanto os dinossauros dominavam a terra e os pterossauros dominavam o ar, as águas pré-históricas eram povoadas pelas mais diversas formas de vida. Gigantescas criaturas navegavam pelas correntes marítimas e cortavam as ondas. Um erro muito comum e grotesco é chamar tais criaturas de dinossauros aquáticos, porém estes animais, apesar de terem o mesmo parentesco, não eram dinossauros. 
      Surgiram há 290 milhões de anos atrás no período Permiano e alcançaram o ápice de sua evolução no Mesozoico, há 250 milhões de anos. Os primeiros três grupos foram os Sauropterygia, Ichthyopterygia e Thalattosauria. Os sauropterígios chegaram a quase 100 gêneros, contudo foram os ictiopetrígios que mais cresceram dando origem aos ictiosauros, os lagartos-peixes, que se assemelhavam com peixes e golfinhos. O Shonisaurus de 15m foi um dos representantes dos ictiosauros no período Triássico, período que teve mais ictiosauros identificados.

Shonisaurus popularis


           Há cerca de 199 milhões de anos atrás (período Triássico), aconteceu uma extinção em massa que matou grande parte das famílias de reptéis aquáticos, porém, alguns grupos de sauropterígios e ictiossauros conseguiram sobreviver e originaram novas formas de vida ao longo do período Jurássico. Os Plesiossauros, do grupo dos Sauropterígios, surgiram neste período e alcançaram tamanhos enormes. Por sua vez, os Plesiossauros se dividiam em dois tipos, os Plesiossauros com pescoço comprido e cabeça pequena e os Pliossauros, com pescoço curto e cabeça grande. O Liopleurodon era um assassino marinho de até 6 metros e representava o grupo dos pliossauros.

Liopleurodon caçando

           Outro enorme pliossauro foi o Kronosaurus, criatura de 9 a 10 metros de comprimento que exibia um crânio robusto de 2m de comprimento e dentes de até 12cm. Este animal viveu no período Cretáceo, época onde a dinastia Pliosauria ainda prevalecia.



Kronosaurus

      No final do Cretáceo também viveram os Elasmossauros, répteis do grupo dos plesiossauros que chegavam aos 15m de comprimento e pareciam ser uma serpente num corpo de uma tartaruga, devido o formato do seu corpo. Neste mesmo período também surgiram um outro grupo de répteis marinhos, os mosassauros. Eles eram parentes dos lagartos monitores atuais e podiam crescer até os 9 metros. Se alimentavam de peixes e de moluscos como os amonites. Foram encontrados em 1960 no Vale do Rio Mosa na Holanda.

                              
                                                                   Elasmosaurus, exemplo de plesiosauro


                                                    Mosasaurus, réptil do rio Mosa


               Ficamos então por aqui com mais esta viagem ao mundo submerso do Mesozóico. Segue abaixo os links das fontes para este pequeno artigo. Até a próxima!!!


FONTES:

  • http://www.superinteressante.pt/index.php?option=com_content&id=239:o-reino-dos-gigantes&Itemid=80
  • https://thiagolago.wordpress.com/os-aquaticos/




quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Dinobabies!!!

Como já vimos aqui no blog, somos fissurados por paleoarte que é a arte de recriar animais ou paisagens pré-históricas, sejam dinos ou não.
Enquanto o sonho de John Hammond não virá realidade, os paleoartistas são os únicos caras que tem o poder de trazer estas feras de volta à vida e de uma maneira mais inofensiva. Nada mais seguro do que visitar um tiranossauro de fibra de vidro num museu ou vê-lo bem de perto num fascinante quadro.
E no meio de tantos talentos descobrimos um cara que manda muito bem no desenho e abriu uma nova série com dinossauros bebês.
Confira então as obras de Leonardo Viana (19) de Brasília, os dinobabies!!!

Parasaurolophus
Carnotauro
Stegosaurus
Brachiosaurus
Triceratops
Ankylosaurus
Tyrannosaurus Rex

Conheça mais das obras deste artista acessando: https://m.facebook.com/L.Vdrawings

sábado, 8 de agosto de 2015

Os senhores dos céus!


Não foi apenas a terra firme que se encheu de vida na era Mesozóica, mas os céus e os mares também foram povoados dos mais diversos animais. Contudo, é importante mencionar que os animais voadores e os animais aquáticos  NÃO ERAM DINOSSAUROS! Apenas os animais terrestres que andavam com as patas esticadas (bípedes, quadrúpedes ou semibípedes) são considerados dinossauros. O restante que tem as patas arqueadas a ponto de quase arrastar a barriga no chão eram (e alguns são até hoje) reptéis! Assim também, os animais que dominavam os céus e as águas pré-históricas eram também reptéis!

Nos céus, dominavam os poderosos PTEROSSAUROS que podiam chegar até 15 metros de envergadura. Como já foi dito, eles não eram dinossauros, mas conviveram com eles desde o período Triássico desaparecendo por completo no período Cretáceo.
O nome Pterosaurus significa "Lagarto Alado" (Ptero = asas, Saurus = Lagarto) e eram divididos em dois grupos, o Rhamphorhynchoidea e o Pterodactyloidea.
O primeiro grupo era formado pelos pterossauros mais antigos e se caracterizavam por uma cauda longa e mandíbulas cheias de dentes. Já os Pterodactylus tinham uma cauda curta, eram mais evoluídos que os primeiros e ostentavam cristas sobre as cabeças.


O primeiro fóssil de pterossauro foi descrito no ano de 1784 por Cosimo Collini que acreditava que se tratava de um animal aquático. Porém, em 1809, Georges Cuvier corrigiu o trabalho de seu precursor e afirmou que aquele fóssil seria de um réptil voador ao qual deu o nome de Pterodactylus (que significa "dedos com asas".
As asas destes animais eram feitas por uma membrana de pele ligada a partir do quarto dedo que era desproporcionalmente longo. Estas asas terminavam nas patas traseiras como os morcegos atuais. Eles tinham ossos ocos como as aves modernas, e um esterno em forma de quilha. Eles não tinham penas, mas sim um tipo primitivo de pêlos.

Chapada do Araripe
O Brasil é um país notável na descoberta de pterossauros. O primeiro fóssil foi descoberto em 1953 por Llewellyn Ivor Price e desde então já foram descobertas mais de 20 espécies, a maioria na bacia do Araripe localizada entre os estados do Ceará, Pernambuco e Piauí. O maior pterossauro descoberto no Brasil foi o Tropeognathus que alcançava 8,5m de envergadura e foi achado na chapada do Araripe, lugar que reúne os mais importantes depósitos de fósseis paleontológicos do mundo.

Tropeognathus, o maior pterossauro brasileiro
Tamanho de um Tropeognathus comparado a uma pessoa de 1,80m
Quanto a alimentação destes animais, ela podia variar entre carne de outros dinossauros, peixes, insetos ou frutas. O Quetzalcoatlus de 15m de envergadura (do tamanho de uma girafa quando em pouso) era carnívoro e se alimentava de outros animais, enquanto que os minúsculos Anurognathus de 50cm de envergadura comia insetos.
O gigantesco Quetzalcoatlus comendo um filhote de saurópode

Anurognathus caçando uma libélula

Fontes: https://www.achetudoeregiao.com.br/dinossauros/anurognathus.htm
            https://pt.wikipedia.org/wiki/Pterossauro
            http://mundopre-historico.blogspot.com.br/2011/06/pterossauros.html
            http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2013/03/20/cientistas-acham-no-brasil-maior-pterossauro-do-hemisferio-sul.htm